Dar sangue não custa nada

Dar sangue não custa nada, mesmo entre os animais, que podem ajudar a salvar a vida de outros ou mesmo a sua, quando a dádiva lhes abre a porta do canil para uma família que cuidará deles. Em Lisboa existe o único banco de sangue público português de uso veterinário, que funciona há cerca de dois anos no Hospital da Faculdade de Medicina Veterinária. A lista de dadores inclui mais de uma centena de animais, nomeadamente cães, gatos e até cavalos, estes últimos em fase experimental. “ São cada vez mais os dadores”, assegura a diretora do Banco de Sangue, Constança Pomba, que uniu vontades para criar uma unidade capaz de fazer a recolha e a separação dos componentes sanguíneos, uma prática recorrente há vários anos em países como os Estados Unidos da América. Os “utentes” do banco são cães da Força Aérea ou do Canil Municipal de Almada e os animais à guarda de associações protetoras ou de alunos e professores da faculdade e de particulares. A condição fundamental para darem sangue é apenas a de serem saudáveis.


Tal como os humanos, as dádivas dos animais acabam por ser úteis para despistar doenças, uma vez que o gesto solitário é sempre antecedido por análises de controlo de infeções. Um gato ou um cão, por exemplo, só podem dar sangue se tiverem entre um e oito anos de idade e pesarem, respetivamente, mais de 3,5 e 15kg, não podendo comer durante 12 horas e beber água durante 4. O sangue recolhido, com uma periodicidade de três meses e em sessões de 10 a 15 minutos, é usado no tratamento dos animais que acorrem ao próprio hospital da faculdade ou vendido a clínicas e outras unidades hospitalares, servindo para tratar animais com traumatismos múltiplos, hemorragias, intoxicações com raticidas, diarreias agudas ou outras complicações que podem custar-lhes a vida. O canil municipal de Almada, que tem, neste momento, quatro a cinco cães potenciais dadores, quer que a dádiva de sangue dos seus cães residentes seja um incentivo à adoção, por isso o veterinário Mário Magalhães defende a necessidade de dar “utilidade aos animais” saudáveis para que possa ser facilitada a sua adoção, para que “as pessoas e os donos, percebam que o sangue que ajudou a salvar vidas vem de um cão ou gato sem dono”. É que dar sangue não custa nada.

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